Na trilha dos Tzadikim: a confluência entre a mística e a ética judaica em um mundo dissociado.
Percorrer a Trilha dos Tzadikim não é uma tarefa fácil, mas como nos dizem os sábios, tudo o que é realmente valoroso, demanda dedicação e esforço pessoal.
A sabedoria judaica expressa pelos Tzadikim [pessoas justas] é, antes de mais nada, uma práxis cotidiana.
É por intermédio dos atos do mestre que o aprendiz, verdadeiramente compreende o significado de um ensinamento; o modo de ver e de estar no mundo é a maior lição dos Tzadikim.
O termo Tzadikim (plural de Tzadik) também é associado aos mestres da Chassidut, corrente mística judaica inaugurada pelo rabino Israel Ben Eliezer, o Baal Schem Tov (aprox. 1690 E.C-1760 E.C).
Em termos gerais, a premissa filosófica hassídica nos adverte sobre a importância crucial da ética, importância esta que transcende o tempo e o espaço.
O mundo contemporâneo em que vivemos, é impactado por uma séria crise ética, na qual, os valores como o perdão, a solidariedade e a humildade são, muitas das vezes, entendidos como obstáculos para o sucesso pessoal.
Para estudiosos e eruditos judeus como Martim Buber, Elie Wiesel, Gershom Scholem, Abraham Heschel e Erich Fromm, os ensinamentos hassídicos são atemporais, pois nos convidam à refletir sobre o nosso lugar no mundo, não no sentido de espaço geográfico, mas onde estamos existencialmente e espiritualmente.
Neste sentido, a nossa intenção nesta palestra, é: suscitar questionamentos interiores, a partir de variados ensinamentos destes mestres atemporais, os Tzadikim, ensinamentos estes circunscritos nos contos hassídicos.
Para tal, utilizaremos fundamentalmente, as obras de Martin Buber, dentre elas: A lenda de Baal Schem; As histórias do rabi, O caminho do homem, dentre outras.
Por fim, pretendemos evidenciar que, o simbolismo presente nos contos hassídicos visa instaurar uma mudança na interioridade do indivíduo, mudança esta fundamentada na responsabilidade para com o outro e para com o mundo.