A GENÉTICA DO POVO JUDEU – Como a investigação de ancestralidade por DNA e genealogia pode te ajudar a compreender seu passado, seu presente e seu futuro.

Influenciado por ser geneticista e por pouco conhecer sobre a história da minha família, há anos investigo quem são meus ancestrais. Acho importante saber de onde nós viemos, para compreender melhor quem nós somos, e para que as futuras gerações tenham estas informações também. Como, desde quando e porque estamos nesta cidade, neste estado, neste país? Qual a história da nossa família há 100, 200, 500 anos atrás? Já podemos ter uma boa ideia destes fatos, até então perdidos no passado, através dos avanços na tecnologia do DNA e da informática. 

A investigação de ancestralidade pelo DNA parte de princípios básicos de genética; metade do teu DNA vem do teu Pai biológico e a outra metade da tua Mãe. Teu Pai herdou metade do DNA dele do Pai dele (teu avô paterno) e a outra metade da Mãe dele (tua avó paterna). Tua Mãe herdou metade do DNA do pai dela (teu avô materno) e a outra metade da Mãe dela (tua avó materna). Além disto, uma parte do material genético é passado de geração em geração só através de homens para seus descendentes homens, aquele contido especificamente no cromossomo Y, um excelente marcador de ancestralidade paterna. Só os homens têm o cromossomo Y, e o DNA contido nele veio do pai, do avô paterno, do bisavô paterno, milhares de gerações para trás. Por outro lado, temos também um excelente marcador de ancestralidade materna, as sequências do nosso DNA mitocondrial, que vieram com certeza da nossa mãe, que herdou somente da mãe dela, que herdou apenas da mãe da mãe dela, também por milhares de gerações. Homens também tem DNA mitocondrial herdado somente de suas mães, mas não transmitem este DNA nem para seus filhos homens, nem para suas filhas mulheres. E assim por milhares de gerações, nosso DNA remonta há um pequeno grupo de mulheres e homens que viverem na África há cerca de 150 mil a 200 mil anos atrás. Da África nossos ancestrais se dispersaram mundo a fora, e as peculiaridades do DNA de um único indivíduo contemporâneo guarda estas marcas históricas e geográficas de séculos de migração. 

Mas ninguém tem exatamente o mesmo DNA! Algumas “letras bioquímicas” variam de pessoa para pessoa, inclusive entre irmãos, filhos e pais, netos e avós. Tanto as variantes que você compartilha com parentes, quanto aquelas que você não compartilha, podem ser detectadas a partir do DNA contido em todas células do teu corpo, inclusive nas da tua saliva. O parentesco genético entre dois seres humanos pode ser medido por intermédio da frequência e do tamanho de pedaços de DNA idênticos que compartilham, herdados de um ancestral comum a ambos. A porcentagem de DNA que você compartilha com outras pessoas em um determinado pedaço do teu Genoma (“coeficiente de parentesco”) dá uma boa ideia do teu grau de parentesco com elas. Por exemplo, o coeficiente de parentesco entre filhos e pais, e entre irmãos é 1/2; de tios e sobrinhos é igual ao de meios-irmãos ou de primos duplos em primeiro grau, isto é, 1/4; de tios e meio-sobrinhos é 1/8, assim como no caso de primos em primeiro grau; de primos em segundo grau é 1/16; de primos em terceiro grau é 1/32; e assim por diante. 

Estes conhecimentos sobre a nossa genética podem agora ser aplicados a informação sobre o DNA de milhões de pessoas, contidas em enormes bancos de dados de DNA, abrangendo quase todas as populações mundiais. Cada população tem suas peculiaridades ao nível do DNA, trazidas pela somatória de inúmeros fatores geográficos, históricos e epidemiológicos. De modo que comparando o tamanho e o número de pedaços que o teu DNA compartilha com o de outras pessoas destes bancos de dados, podemos saber se você é parente de alguém que está no banco de DNA, qual o grau estimado de parentesco e até quem são estes parentes, além de trazer importante informação de que lugar do mundo eles estão e vieram e quais as rotas de migração da família. 

Os mesmos conceitos podem ser aplicados para investigar a ancestralidade de uma população ou de um povo. Um dos povos mais interessantes e intrigantes a ser investigados são os Judeus, pois resistiram a todo tipo de adversidades por milênios. Como é genética do povo judeu contemporâneo espalhado por todo o planeta? Existem variações genéticas que eles compartilham com maior frequência do que não judeus? Os relatos da Bíblia condizem com os atuais estudos de ancestralidade, em conteúdo e tempo? Que ensinamentos traz a comparação da genética dos judeus contemporâneos com recentes achados de populações judias que viveram há milhares de anos atrás? E no que se referem a doenças genéticas, porque algumas são mais frequentes em judeus? Que insights estas informações podem trazer em termos de prevenção de saúde baseada na genética, para os judeus contemporâneos?

Estes e outros aspectos estaremos discutindo no Ciclo de Estudos “Judaísmo para Todos”, quarta feira, 10 de abril de 2024, das 20h às 21h30. 

 

Comentários:

O Dr. Salmo Raskin, médico geneticista e professor da Universidade Hebraica de Jerusalém, é um dos principais especialistas em genética judaica. Seus estudos inovadores forneceram insights valiosos sobre a história, a ancestralidade e a saúde genética do povo judeu.

Origem e Dispersão:

      • Ancestralidade comum: Estudos genéticos demonstram que a maioria dos judeus, independentemente de sua origem geográfica, compartilha uma ancestralidade comum no Oriente Médio.

      • Diáspora e migração: Ao longo da história, o povo judeu passou por diversas dispersões e migrações, levando a um certo grau de mistura genética com populações locais.

      • Grupos judaicos distintos: Apesar da ancestralidade comum, existem grupos judaicos distintos com características genéticas específicas, como os asquenazes (Europa Oriental), sefarditas (Península Ibérica) e mizrahim (Oriente Médio e Norte da África).

    Doenças Genéticas:

        • Doenças autossômicas recessivas: Devido ao isolamento genético em algumas comunidades judaicas, algumas doenças genéticas autossômicas recessivas são mais frequentes, como a doença de Tay-Sachs e a fibrose cística.

        • Testes genéticos: O desenvolvimento de testes genéticos permite a identificação de portadores de mutações genéticas, possibilitando o aconselhamento genético e a prevenção de doenças.

      Conservação da Identidade:

          • Endogamia: A prática da endogamia em algumas comunidades judaicas contribuiu para a preservação de um pool genético único.

          • Tradições e cultura: A cultura e as tradições judaicas, como a dieta e as leis de casamento, também influenciaram a genética do povo judeu.

        Ética e Implicações:

            • Uso da genética: É importante que a genética do povo judeu seja utilizada de forma ética e responsável, evitando a discriminação e o estigma.

            • Compreensão da diversidade: A genética pode ajudar a compreender a diversidade dentro do judaísmo e promover o respeito entre diferentes grupos.

          Conclusão:

          A genética do povo judeu é um campo de estudo complexo e fascinante que revela a história, a ancestralidade e a resiliência desse povo. As pesquisas do Dr. Salmo Raskin e de outros especialistas continuam a contribuir para uma compreensão mais profunda da genética judaica, com implicações importantes para a saúde, a identidade e o futuro do povo judeu.

          Recursos Adicionais:

            Observação:

                • Este resumo é baseado em informações disponíveis publicamente e não deve ser interpretado como uma consulta médica ou genética.

                • Para informações mais específicas e personalizadas, consulte um profissional de saúde especializado em genética.

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